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sábado, 27 de fevereiro de 2010

O TRABALHO HUMANO


Dando continuidade aos artigos para formação sobre a CFE 2010, trazemos uma reflexão pastoral que quer ser mais um "deixar pistas" para uma reflexão que possa atingir uma maturidade. Remarco a limitação do texto por ser um trabalho de limites estreitos, já que são artigos que só podem ocupar uma lauda de modo que possam ser entregues ao final da missa. Está pequena série é mais um subsídio para a possibilidade de uma reflexão madura que uma palavra conclusiva.
O TRABALHO HUMANO,
Nem castigo, nem maldição, mas um alegre dever!

Quem já não disse ou escutou uma dessas frases:
"No meu trabalho, mato um leão por dia!"
"Procuro quem inventou o trabalho para mandar matar!"
"Estou saindo para a guerra!"
"Estou batalhando o pão nosso de cada dia!"
"Se o trabalho fosse bom Deus não teria inventado o descanso!"

Parece muito interessante o modo como o trabalho humano foi corrompido e como aquilo que deveria ser um dom pareceu um castigo! Por causa da visão centrada na economia, o trabalho acabou por tornar-se um mal inevitável. Mas isso não deveria ser assim!
Como o pecado é uma realidade que perverte a bondade e a beleza de todas as coisas, também, ao tocar o trabalho humano e, por conseguinte, a economia, acabou por infectar com o mal essa realidade. Precisamos tirar o trabalho das mãos do demônio e colocá-lo de novo nas mãos de Deus!

O trabalho na Sagrada Escritura

O Genesis – ao falar da criação do mundo – apresenta Deus como um oleiro, artesão que do barro, com seu trabalho, cria o homem. Apresenta também o homem, imagem e semelhança de Deus, como aquele que deve cultivar e guardar a terra (cf. Gn 2,5-6). Está na própria natureza do homem exercer alguma atividade. Basta que percebamos: quando estamos trabalhando não vemos a hora de tirar férias, mas, tão logo nossas férias vão chegando ao meio, não vemos a hora de voltar ao trabalho! É de nossa natureza!
Rápido se percebe que o trabalho não é uma punição, mas um dom que foi corrompido pelo pecado tornando-o penoso (Cf. Gn 3,6-8). A "terra árida" é conseqüência da ruptura da harmonia com Deus, a fadiga e a pena são testemunhas de que não entender tudo como um dom que deve ser cultivado é a conseqüência daquela ruptura e a única atitude de quem se sabe criatura e não criador é louvar a Deus no exercício do trabalho.
Jesus é testemunha de que somos trabalhadores por natureza. "Ele mesmo 'se tornou semelhante a nós em tudo, passando a maior parte dos anos da vida sobre a terra junto de um banco de carpinteiro, dedicando-se ao trabalho manual' na oficina de José (Cf. 13,55; Mc 6,3), a quem estava submisso." (CDSI, 259). Assim são honradas todas as expressões de trabalho por que por ele o homem governa o mundo junto a Deus.

Dignidade do trabalho

Se de um lado, objetivamente falando, trabalhos diferentes têm valores diferentes, por outro, do ponto de vista do trabalhador, da pessoa, por tanto, o agir do homem, enquanto responde ao seu ser tem dignidade igual independente da atividade proposta e do produto alcançado

Trabalho e Economia

Para a manutenção da Economia, tanto na Família quanto no Estado, o processo do trabalho não pode faltar e nem eximir-se de uma moral que corresponda à dignidade do ser humano. Isso se expressa, entre outras coisas, no direito a uma justa remuneração, ao repouso, ao dispor de ambiente que não causem danos à saúde física e nem lesem a integridade moral, a não ver violada a própria consciência e dignidade, direito a pensão bem como auxilio na velhice, direito a assistência referente a maternidade e direito a reunirem-se e associarem-se.

Atitude diante do trabalho

Para vivência de uma espiritualidade do trabalho, precisamos parar de ver o trabalho como uma pena a ser encarada e começar a gostar daquilo que se faz. Toda vez que o econômico/financeiro é colocado na frente do humano, o trabalho se torna penoso. E para uma motivação pessoal para compreendermos o trabalho de outro modo, aqui vão algumas frases para nos lembrarmos e repetirmos com freqüência:

"O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade" (Voltaire)
"O trabalho agradável é o remédio da canseira." (William Shakespeare)
"O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra" (Aristóteles)
"Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado" (São Jerônimo)
"Quando o querer é completo, o trabalho se torna um lazer" (Santo Agostinho)
Diác. Fabiano de Carvalho


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