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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Confissão


Confissão
No dia da confissão é um problema! São muitas as preocupações e que nada têm a ver com a confissão sacramental. E toda quaresma é a mesma coisa... Então precisamos virar a página desse problema para chegarmos à página de uma boa confissão que ponha o coração penitente diante da misericórdia divina para podermos viver o "Sacramento da Amizade".


O que é pecado


Perdemos o pecado de vista e esse é o grande problema no sacramento da confissão. Se perguntássemos o que é pecado, as resposta viriam de diversos modos, mas ao perguntarmos quais são os seus pecados, logo surge um constrangimento e uma imprecisão. Então para falar da penitência precisamos saber que o pecado é um mal feito contra mim mesmo, contra as coisas, contra meu próximo e só assim atinge a Deus rompendo a amizade com Ele e, ao mesmo tempo, atentado contra a Igreja, povo que está em comunhão com Deus.
Ao contrário do que se pensa, pecado não é "tudo igual". Embora todo ato mal seja por si mesmo pecado, nem todos eles têm o mesmo peso e/ou são atribuíveis à pessoa que comete. Assim para uma boa confissão é bom ter em mente a seguinte dica:

  • Pecado venial não é o pecadinho comum de todos os dias, afinal, alguém pode pecar mortalmente todos os dias e se acostumar com isso;

  • Pecado mortal é o pecado que tem matéria
    grave
    : que viola os mandamentos; pleno conhecimento: saber que aquele determinado ato opõe-se aos mandamentos e plena liberdade, isto é, consentir no ato por vontade própria, como escolha pessoal e livre de coação;

  • No pecado venial houve a ausência de um ou mais dos elementos do item "b";

  • NOTE BEM: A ninguém é permitido agir contra a própria consciência, isto significa dizer que, se você achou sinceramente que um ato era pecaminoso, mesmo que ele não o seja, esse ato deve ser confessado. Contudo, deve-se ter cuidado com os escrúpulos (achar que tudo é pecado) e formar bem a consciência por meio do estudo e da oração.

  • Os pecados mortais só são perdoados pela absolvição sacramental enquanto os pecados veniais o são por um ato sincero de arrependimento como o ato penitencial da missa, por exemplo. NÃO ESQUEÇA: a Igreja recomenda vivamente que sejam confessados os pecados veniais, por que o acumulo deles debilita a vontade e conduz ao pecado mortal.
Exame de Consciência


Para uma boa confissão é necessário um bom exame de consciência. Frases como "eu não tenho pecado!" ou "Padre eu só não matei e nem roubei o resto eu fiz tudo!" indicam a ausência de um bom exame de consciência. Diante dessas frases não há como celebrar o sacramento, por que ele requer exatamente a acusação dos próprios pecados segundo a matéria (como dissemos acima no item 1 letra b).

Depois de considerar, no exame de consciência, os nossos atos e distingui-los entre bons e maus o segundo passo é saber se os maus são pecados mortais ou veniais, seguindo as indicações acima.
O próximo passo é bem simples e podemos seguir um pequeno roteiro:


  • As circunstancias que o rodeiam: que são os diversos fatores ou modificações que afetam o ato.

    • Quem pratica a ação. Por exemplo, os atos praticados por uma criança são menos graves que os praticados por um adulto;

    • Que coisa (a qualidade do objeto). Roubar uma bala é menos grave que roubar um banco;

    • Onde (o lugar em que a ação se realiza). Xingar na Igreja é mais grave que na rua;

    • Com que meios se realizou a ação. Num assalto é mais grave uma arma de fogo que uma arma branca;

    • O modo como se realizou o ato. Um ato público é sempre mais grave que um ato privado;

    • Quando se praticou o ato: Roubar no domingo é mais grave que em outros dias da semana

OBS. Dizer que é mais grave que não exclui a gravidade de um e outro ato. Muitas vezes ambos são pecados, sendo que agravados por estas circunstâncias. Se o pecado foi cometido em presença ou com a colaboração de outro, deve também ser levado em consideração no exame de consciência.

Como dissemos, a matéria do pecado é precisada pelos mandamentos, por isso é sempre bom ter em mente os Dez Mandamentos para um bom exame de consciência.
NOTE BEM: A finalidade é a intenção de quem age, e pode coincidir ou não com o objeto da ação. Assim, se o fim é bom, junta ao ato bom, nova bondade; se o fim é mau, vicia por completo a bondade de um ato; quando o ato é em si mesmo indiferente, o fim o transforma em bom ou mau; se ao fim é mau junta nova malícia ao ato mau em si; o fim bom de quem atua nunca converterá em boa uma ação má em si mesma.


A confissão


Iniciar a confissão dizendo há quanto tempo não se confessa é bom, em todo caso não é uma regra, você pode não se lembrar disso. Diga ao menos aproximadamente, mas se fizer mais de um ano desde a sua ultima confissão é necessário também confessar, já que o Mandamento da Igreja pede que nos confessemos ao menos uma vez ao ano por ocasião da Páscoa.

Uma boa confissão não é uma confissão demorada, mas uma confissão objetiva, então, os pecados devem ser colocados de modo breve e completo: matéria, números de vezes cometidos, circunstâncias e finalidade. O mais importante para a confissão é o sincero arrependimento dos pecados cometidos (ou ao menos o incomodo por ter rompido a amizade com Deus), o desejo de não tornar a cometer tal ato e a vontade de corrigir o erro enquanto for possível.

Lembre-se, você não vai confessar os pecados dos outros, mas somente os seus. Frases como "mas minha filha fez isso...", "mas foi por que aquilo..." são justificativas e não um arrependimento sincero requerido pelo sacramento.

O aconselhamento faz parte do sacramento da penitência, contudo, a confissão não é uma direção espiritual ou aconselhamento psicológico onde é necessário colocar detalhes mínimos e narrações pormenorizadas. Se você sente a necessidade de uma direção espiritual, procure agendar em horário oportuno.

Na confissão não se deve esconder ou omitir deliberadamente pecados graves, isso invalida a confissão! Mas se você esqueceu sinceramente um pecado, não se preocupe, você não teve culpa e este pecado lhe foi perdoado! Se por algum acaso você não cumpriu alguma penitência de uma confissão anterior, diga ao sacerdote e ele comutará a penitência nesta nova confissão.



Os efeitos do Sacramento da Penitência




O Sacramento da Penitência é a celebração da Misericórdia e o restabelecimento da amizade com Deus. É sempre uma iniciativa de Deus e uma resposta do homem que percebe ter se afastado de Deus. Por isso, "toda a força da penitencia reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e nos unir a Ele com máxima amizade" (Cf. CaIC 1468).
Desta forma a reconciliação no tempo quaresmal se apresenta como um novo convite a restaurar a amizade entre Deus e o homem por meio de sua comunidade, a Igreja que junta clama o perdão de Deus ao mesmo tempo em que reconhece, pelo louvor, a grandeza daquele que pode perdoar nossas faltas gerando uma verdadeira ressurreição espiritual e a restauração da comunhão fraterna, fortalecendo a participação dos bens espirituais de todos os Amigos de Cristo.

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