Caríssimos oficiais da Cúria Imaculada Conceição,
Pelas numerosas atividades que nos ocupam os finais
de semana, nossa presença tem se tornado rara neste momento em que vós vos
reunis. Entretanto, a fim de não deixar passar esta ocasião decidi escrever-vos
estas reflexões com as quais comunico algum fruto espiritual ao mesmo tempo em
que reforço minha comunhão com a Cúria da Legião de Maria e os presidia de
nossa paróquia.
No dia primeiro de maio passado, celebramos o dia de
São José Operário, título com o qual se reconhece no, Esposo da Virgem, as
virtudes laboriosas que o impeliram no ofício de ser o chefe da Sagrada
Família. Bem se sabe pelas Sagradas Escrituras que São José era carpinteiro
(cf. Mt 13,55) e que ensinou a Jesus Cristo sua arte (cf. Mc 6,3).
Se considerarmos bem, o trabalho que exercemos nos
aproxima de Deus. Pelo trabalho da Criação, Deus dá a vida a todas as coisas e,
pelo trabalho que exercemos, transformamos o mundo e as coisas criadas por Deus
para aperfeiçoar e cuidar de nossas vidas. Na experiência de amor por Deus e
pela sagrada família, São José se torna para nós um exemplo de quem, diante de
Deus, trabalha para o sustento da Sagrada Família, transformando, em sua
carpintaria, as horas de esforço em louvor ao Pai.
Contudo, o trabalho de São José não só estava em
ordem do sustento material da Sagrada Família, mas também estava em ordem do sustento
espiritual dela e de toda a Igreja. Um trabalho espiritual que poderíamos considerar
em três características: Escuta obediente, Zelo puríssimo e Comunhão amorosa.
I. Escuta obediente
“José, seu esposo,
que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.
Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe
disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela
foi concebido vem do Espírito Santo... Despertando, José fez como o anjo do
Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa”. (Mt 1,19-20.24)
Toda obediência procede de uma experiência de escuta
da Palavra de Deus que toca o coração do homem e o muda, convertendo-o para o
céu. O trabalho espiritual de São José partiu da escuda da Palavra de Deus
trazida pelo mensageiro do Senhor que lhe apareceu em sonho. Disposto a seguir seus próprios projetos,
teve seus planos mudados por aquela manifestação de Deus.
A escuta obediente levou José a mudar seu interior para
adequar-se aos projetos de Deus. Poderíamos dizer, sem sombra de dúvidas, que o
mesmo Espírito que fecundou o puríssimo ventre de Maria também fecundou a
vontade puríssima de São José para que ele obedecesse à vontade de Deus.
Também o Legionário deve estar atento à Palavra de
Deus que se lhe dirige todos os dias para atingir a obediência. Muitas vezes
esta palavra vem mediada por mensageiros que Deus lhes provê para apontar o
caminho da obediência e fazer de sua própria vontade a vontade de Deus.
II. Zelo Puríssimo
“Depois de sua
partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma
o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque
Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite,
tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito” (Mt 2,13-14).
São José é o guarda dos dois maiores presentes de
Deus para a Igreja e, por ela, para a humanidade: Jesus e Maria. E para cuidar
deles não mediu seus esforços. Durante a noite levantou-se para leva-los para
longe das ameaças do mal. O zelo que José tinha pela Sagrada Família o impedirá
de pensar em seu próprio conforto ou em horas cômodas ou incomodas para
executar aquilo que Deus lhe mandou. Sabia que era o melhor para os Tesouros de
que era guardião fazer como Deus mandara e por isso o fez!
Se o Legionário não aprender com São José a não
medir seus esforços por zelar por Jesus e Maria não cumprirá seu papel de
cristão. Dia e noite deve cuidar para que tais santas presenças não se apaguem no
mundo e, por isso, deve trazer em seu coração o prestígio por Jesus e Maria
zelando para que suas ações não expulsem de seus corações tão doces presenças,
sob pena de terem sua missão frustrada. É necessário, pois, um zelo puríssimo
para proteger a presença de Cristo e da Virgem Maria em nossas vidas, pois o
mal, ainda hoje, deseja mata-los em nós.
III. Homem de comunhão amorosa
“Despertando, José
fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa”.
(Mt 1,24)
São José, ao receber a Virgem Maria em sua casa
também recebeu Jesus em sua vida e por isso estabeleceu uma verdadeira
comunidade de comunhão e amor. A comunhão é a mútua acolhida entre as pessoas e
o amor é o cuidado gerado quando a comunhão é real: acolhida e cuidado,
portanto, são duas características através das quais podemos reconhecer a
comunhão e o amor.
Não somos também chamados a essa dupla realidade de
comunhão e amor, acolhida e cuidado? Cada Legionário deve encontrar nestas
virtudes do Santo Nutrício a inspiração
para sua própria vida espiritual na qual não se pode abrir mão da acolhida de
Maria e, por ela, de Jesus em nossas almas.
Assim, queridos
Legionários, vemos como São José nos é inspiração para que busquemos também nós
a experiência de Escuta obediente, Zelo
puríssimo e Comunhão amorosa. Não é sem motivos que o vosso manual
recomenda a estima a São José dizendo: “Para o seu amor se mostrar poderoso em
cada um de nós, é necessário que o nosso procedimento para com ele reflita a
compreensão do intenso afeto que nos consagra. Jesus e Maria, agradecidos a
José pelos seus carinhos e trabalhos, traziam-no sempre no coração. Procedam do
mesmo modo os legionários” (Manual, p. 178).
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