Uma pequena
história:
Perto da igreja morava uma senhora cujo marido havia
morrido e que passava, com seus três filhos, por grande dificuldade financeira.
A vida não estava fácil para a senhora. À bem da verdade, a vida é difícil para
muitas pessoas que necessitam do auxílio de outras. Aquela senhora, de modo
especial, não conseguia um emprego, pois tinha o cuidado dos filhos pequenos e,
o máximo que ela conseguia eram faxinas esporádicas em casas de família no
horário em que os filhos estavam na escola.
Uma dos adolescentes do grupo da paróquia percebeu a
dificuldade daquela senhora. De fato era uma senhora conhecida do bairro,
daquelas batalhadoras que faz o que pode por seus filhos muitas vezes deixando
faltar para si, como é próprio das mães que se abnegam em função de seus
filhos. A adolescente sentiu-se condoída com a situação e comentou entre o
grupinho de amigos que frequentavam à paróquia.
Os animadores do grupo viram uma ótima oportunidade para
falar da partilha dos bens e da solidariedade. Usando o texto de Mt 25, 32- 46,
mostram às crianças que todas as vezes que dermos de comer a um dos irmãos mais
pequeninos de Jesus, é a ele mesmo que o fazemos. Para estimular a dinâmica da
partilha dos bens, fizeram uma atividade em que cada um dos adolescentes
deveria arrecadar com seus familiares e amigos uma determinada quantia em
dinheiro para ajudar aquela senhora, mas deveria ser feito em sigilo para ser
uma surpresa.
Os adolescentes se empolgaram, saíram com listas nas
redondezas do bairro, pedindo ajuda e superaram as suas expectativas. Junto com
os organizadores, foram ao mercado com uma lista de compras e fizeram uma
grande compra que seria suficiente para dois meses para aquela família.
Uma das meninas, ao passar por entre as prateleiras,
viu num setor de jardinagem do mercado uma linda orquídea. Foi até os
animadores e sugeriu que comprassem aquela orquídea de presente para a viúva.
Eles ficaram um pouco sem jeito de dizer não, mas também não quiseram assentir
com a compra porque lhes parecia um pouco inútil já que os mantimentos eram a
prioridade. Então logo se juntaram os adolescentes ali, no meio do mercado,
para uma “reunião extraoficial”.
Com o modo peculiar de os adolescentes resolverem as
coisas, muitos foram os argumentos tanto em favor quanto contra. As pessoas que
observavam aquele monte de adolescentes no meio do mercado discutindo a compra
da orquídea, a princípio olharam assustadas, mas depois acabaram se envolvendo
também no debate e até o gerente do mercado veio saber o que estava
acontecendo.
Em fim, depois de uns longos minutos de debate, o
gerente do mercado resolveu fazer uma gentileza e deu como cortesia a tão
discutida orquídea para que a viúva fosse presenteada. E os adolescentes saíram
felizes com o debate, com as compras e com a orquídea.
Preparam tudo, colocaram um celofane e um laço azul
no vaso da orquídea e escreveram um cartão que foi assinado por todos os
membros do grupo. No dia marcado se encontraram na Igreja e, de surpresa, foram
à casa da viúva. Os adolescentes estavam exaltados quando chamaram no portão da
casa e a viúva, meio desconfiada olhou pela fresta da janela e só veio até a
porta porque reconheceu alguns rostos entre os adolescentes.
Eles entraram, rezaram e contaram o que tinham feito
para conseguir aqueles alimentos. A viúva e as crianças ficaram muito contentes
com a variedade de gêneros que os adolescentes haviam comprado para eles.
Foi quando um dos animadores pediu que a adolescente
entrasse com a orquídea que havia insistido em trazer. E quando a viúva viu a
flor em seu vaso enfeitado com celofane e fitas azuis o ar da sala tornou-se
outro e todos os adolescentes estavam com os olhos vidrados no rosto enrugado
dos cansaços pela vida estafantemente sofrida da viúva, viram aqueles olhos
mareados finalmente deixarem cair as lágrimas que se juntaram desde a chegada
daquele grupo.
Todos estavam chorando quando o silêncio foi rompido
por um rouco obrigado, embargado entre as lágrimas derramadas pela viúva que
continuou dizendo: “a ultima vez que recebi flores de presente foi num
aniversário de casamento quando meu marido fez uma bela surpresa ao chegar em
casa do trabalho”. E concluiu dizendo: “Obrigado, hoje vocês foram verdadeiros
amigos para mim!”.
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